Sindicato confronta Petrobras sobre problemas em Urucu e exige soluções imediatas

Em reunião local com a gerência da UN-AM (18/06), o Sindipetro PA/AM/MA/AP apresentou uma pauta extensa e contundente à gestão da Petrobras, expondo a situação crítica enfrentada pelos trabalhadores na base de Urucu (AM). Os problemas, que vão desde a precariedade dos alojamentos até irregularidades graves com empresas terceirizadas, foram agravados pela superlotação e desorganização durante a parada de manutenção.

A gestão da Petrobras reconheceu falhas graves no planejamento e se comprometeu a apresentar soluções, mas o sindicato deixou claro que não aceitará promessas vazias e cobrará ações concretas e imediatas.

A crise das “camas quentes” e a falha no planejamento
O estopim para muitas das denúncias foi a parada de manutenção, que evidenciou a total falta de planejamento. O sindicato denunciou que a empresa terceirizada Tecnosonda embarcou um número excessivo de trabalhadores – próximo a 90, segundo relatos –, muito acima da capacidade dos alojamentos.

Isso gerou a chamada “crise das camas quentes”, com trabalhadores sem leitos para descansar. Para o sindicato, houve má-fé da Tecnosonda, que teria desembarcado funcionários de contrato efetivo para priorizar temporários, visando unicamente o lucro.
A gerência da Petrobras admitiu que a empresa errou no planejamento, atribuindo a falha à inexperiência de alguns coordenadores. A resposta da companhia foi criar uma “sala de crise” e desembarcar cerca de 60 pessoas, mas para o sindicato, a medida foi reativa. Foi ressaltado que os gestores locais, com anos de experiência na Amazônia, deveriam ter antecipado os problemas, em vez de tratá-los como surpresa.

Condições de alojamento insalubres e infraestrutura precária

Um dos pontos mais críticos da reunião foi a situação deplorável dos alojamentos. O sindicato detalhou as péssimas condições, que representam um risco à saúde dos trabalhadores:

  • Quartos: Alojamentos de turno com ventilação inadequada, mau cheiro crônico e infestados por mofo, exigindo um tratamento urgente para evitar doenças respiratórias.
  • Refrigeração inadequada: O sistema de refrigeração foi classificado como mal projetado para o clima amazônico, com dutos que se deterioram rapidamente. A reestruturação do sistema no complexo Vitória Régia é uma demanda urgente.
  • Alojamentos femininos: Foram relatados problemas específicos nos banheiros e quartos destinados às trabalhadoras, evidenciando a falta de estrutura para recebê-las adequadamente.

A Petrobras reconheceu as fragilidades e informou sobre um plano de recuperação de 300 alojamentos e um projeto maior de revitalização. A empresa também prometeu a troca dos chillers do sistema de refrigeração e um plano de ação para melhorar a qualidade de vida nos alojamentos femininos, medidas que o sindicato acompanhará de perto para garantir que saiam do papel.

Abusos das terceirizadas: Sindicato exige respeito e pagamento

As práticas abusivas das empresas terceirizadas, com foco na Tecnosonda, foram duramente criticadas. O sindicato reiterou denúncias e exigiu que a Petrobras, como contratante, tome uma atitude firme:

  • “Pagamento” por folga forçada: Uma denúncia gravíssima aponta que os trabalhadores terceirizados permanentes, que foram desembarcados para dar lugar aos contratados da parada, agora estão sendo obrigados a pagar pelos dias que ficaram em casa. A empresa está forçando-os a compensar com dias de trabalho não remunerado ou descontando os valores diretamente do contracheque.
  • Treinamento não remunerado: Foi novamente denunciado que a Tecnosonda obriga os funcionários a participarem de treinamentos fora do horário de expediente sem pagar horas extras. O sindicato rebateu a alegação da empresa de que o assunto “já foi resolvido” e exigiu provas do pagamento retroativo aos trabalhadores.
  • Custos de voos: Trabalhadores estão sendo forçados a pagar do próprio bolso pela remarcação de passagens aéreas. O sindicato exige que a Petrobras garanta o reembolso imediato desses valores.
  • Postura autoritária: Foi relatada a postura autoritária de lideranças da Tecnosonda, e a queixa foi formalmente registrada para ser tratada pela Petrobras com a contratada.

Saúde mental e desvalorização profissional

O sindicato emitiu um alerta grave sobre a saúde mental dos trabalhadores, afirmando que o modo de trabalho do gerente do ativo está adoecendo gerentes e supervisores. Além disso, foi denunciada a prática de colocar trabalhadores de turno recém-chegados diretamente em uma jornada de 14 dias no período noturno, uma rotina que está comprovadamente causando cansaço excessivo e transtornos mentais na equipe.

Foi lembrado que, desde 1º de maio, transtornos mentais relacionados ao trabalho são reconhecidos pela NR-1, e que há relatos de trabalhadores com laudos médicos solicitando transferência sem serem atendidos.

Próximos passos

A gerência da Petrobras se comprometeu a levantar as informações sobre os pagamentos e ressarcimentos dos terceirizados. Uma nova reunião será agendada para apresentar as respostas. O sindicato exigiu a presença do gerente do ativo no próximo encontro, para que ele responda diretamente pelas denúncias.
O Sindipetro seguirá vigilante e atuante, cobrando cada um dos pontos levantados até que todos os problemas sejam resolvidos e os direitos e a dignidade dos trabalhadores de Urucu sejam plenamente respeitados.

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