A diretoria do Sindipetro Amazônia esteve reunida na última quinta-feira (14/08) com a gestão da Petrobras para cobrar soluções para uma extensa pauta de problemas que vêm gerando grande insatisfação e colocando em risco a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Banco de Horas: “Apropriação Indébita” do Tempo do Trabalhador
Um dos pontos mais críticos da reunião foi a gestão do banco de horas. O sindicato denunciou a prática da Petrobras de obrigar os trabalhadores a tirar folgas para zerar seus saldos como uma “apropriação indébita” do tempo que pertence ao empregado. Essa medida unilateral não apenas desrespeita o acordo coletivo, que prevê escala definida, mas também causa prejuízos financeiros e logísticos aos trabalhadores.
Em resposta, a gestão da Petrobras defendeu a medida, alegando ser uma orientação corporativa para controlar horas extras e garantir a viabilidade de manutenções importantes, e confirmou que o plano de gerenciamento será mantido.
Diante da intransigência, o Sindipetro Amazônia informou que orientará fazer uso de todos os mecanismos de segurança, incluindo a regra de ouro, para não exceder a jornada de trabalho, além de acionar as vias judiciais.
Retorno do Lanche Noturno do turno
O sindicato cobrou o retorno do lanche noturno para a sala de controle em Urucu, que foi cortado. A gerência explicou que o corte foi necessário para evitar que o contrato de alimentação ficasse com o valor negativo, devido ao aumento de consumo em outras frentes, como as paradas.
O sindicato considerou a justificativa desproporcional, tratando-se de somente cerca de 15 lanches diários. O gerente do SOP informou que está negociando um aditivo com a empresa fornecedora e se comprometeu a dar um posicionamento até a próxima terça-feira. O sindicato alertou que, se não houver solução, iniciará mobilizações, com atrasos de voos no aeroporto a partir do embarque da próxima quarta-feira.
Gerência da Saúde
O Sindicato apresentou denúncias graves de assédio moral e má gestão. O comportamento da gerente de Suporte de Saúde às Operações na Unidade da Amazônia foi novamente exposto, com relatos de humilhação e perseguição contra a equipe (médicos, enfermeiros e farmacêuticos), resultando em pedidos de demissão e um ambiente de trabalho insustentável.
A gerência de SMS afirmou que também existem falhas no setor de saúde e que está orientando a gestora.
- Termonebulização e Teste de Malária: O Sindipetro denunciou a falta de um contrato ativo de termonebulização e a ausência de lâminas para teste de malária em Urucu, uma área endêmica. A gerência da unidade explicou que a empresa anterior abandonou o contrato e uma solução de contingência está em vigor. Os testes de malária estão sendo realizados em Manaus, no Hospital Tropical, que é referência. O Sindicato cobrou que os exames voltem a ser realizados em Urucu.
- Novo gerente da OPPF: O sindicato demonstrou descontentamento com a nomeação do novo gerente da OPPF, que não foi bem recebido pelas equipes e cuja nomeação ocorreu sem um processo de concorrência transparente.
Autoritarismo e perseguições na Tecnosonda
Da mesma forma, foi cobrada uma ação enérgica contra um dos supervisores da Tecnosonda, acusado de demitir trabalhadores experientes para contratar parentes, criando um ambiente de nepotismo e insegurança. O sindicato exigiu a reversão de uma demissão injusta e a remoção do supervisor de suas funções em Urucu.
Sobre o caso, a gestão da AM se comprometeu a convocar a empresa terceirizada para apurar as denúncias de nepotismo e demissões injustas. A gestão do SOP também reforçou que vem realizando reuniões sobre o código de conduta ética com todos os gestores.
Transporte aéreo
- Voos para Tefé e Coari: O sindicato solicitou a criação de uma rota para atender os cerca de 60 trabalhadores que residem em Tefé e Coari, que hoje enfrentam uma longa e cansativa jornada de navio. A gerência da Petrobras manifestou interesse e informou que acompanha de perto a reforma do aeroporto de Coari, que é essencial para viabilizar a operação. A possibilidade de usar o aeroporto de Tefé como alternativa será estudada.
- Aeroporto de Carauari: O risco iminente de interdição do aeroporto pela ANAC tem gerado pânico entre os trabalhadores, que temem demissões em massa. O sindicato cobrou um plano de contingência claro e a garantia dos empregos. Em resposta, a gerência da Petrobras garantiu que a operação em Carauari será mantida. A gestão explicou que, caso o aeroporto seja interditado para aviões, o transporte dos trabalhadores continuará a ser realizado por helicópteros, e que a prefeitura já está atuando para resolver as pendências do aeroporto, como a disponibilização de um caminhão de bombeiros.
- Condições em Urucu: Foram criticadas as longas esperas para o check-in no aeroporto por falta de um posto fixo para atendimento local. A gestão informou que com a assinatura do novo contrato, previsto para o mesmo dia da reunião, o problema será sanado.
Precarização dos Terceirizados e Outras Cobranças
O sindicato também trouxe à pauta a luta pelos direitos dos trabalhadores terceirizados, cobrando:
- Segurança no Chibata: Após a descoberta de acampamentos de traficantes com drogas e material bélico, o sindicato exigiu que a Petrobras garanta a presença do Exército e da Polícia Federal para proteger as equipes civis que precisam acessar as locações. A empresa confirmou que realizou reuniões com o Exército e a Polícia Federal, resultando em uma operação conjunta para monitoramento intensivo da área. Além disso, informou que oficiais da Polícia Federal já estão sendo transportados para inspecionar as locações e que será implementado um novo protocolo de segurança, onde as equipes de trabalho serão acompanhadas para garantir a segurança antes do início de qualquer atividade.
- Assédio no Porto Encontro das Águas (PEA): O Sindipetro denunciou que um dos supervisores do PEA tem proibido sua equipe de realizar exames periódicos, ASOs e consultas nos dias úteis, obrigando que os trabalhadores agendem-os aos sábados, diferentemente da prática geral da unidade.
- Motoristas na Tecnosonda: A empresa demitiu seus motoristas profissionais e está utilizando trabalhadores de outras funções (caldeireiros, eletricistas, etc.) para dirigir, o que representa um grande risco de segurança. Um acidente recente com o carro do lanche foi citado como exemplo. A Petrobras respondeu que está implementando um sistema de monitoramento por câmera nos veículos para prevenir acidentes por sono. O Sindicato questionou o monitoramento invasivo do uso de câmeras com áudio nos veículos.
- Cabine de Pintura – Tecnosonda: As condições insalubres da cabine de pintura foram denunciadas pelo Sindicato. O local, fechado por lonas, não possui exaustão, o que causa calor excessivo e acúmulo de poeira de tinta, colocando a saúde dos trabalhadores em risco. A gestão informou que já inspecionou o local e que as lonas serão removidas, com um projeto adequado a ser desenvolvido.
- Plano de saúde extensivo aos familiares para empresas como Vectra, Maxin e Semapi.
- O fim do inaceitável contrato de trabalho intermitente da empresa Semapi.
- Soluções para as condições insalubres na cabine de pintura e a recusa de empresas em aceitar atestados médicos.
A gestão da Petrobras se comprometeu a investigar várias das denúncias e a trazer resposta na próxima reunião.
O Sindipetro Amazônia seguirá vigilante, cobrando cada um dos pontos levantados e mobilizando a categoria caso as respostas não sejam satisfatórias e as ações, imediatas. A luta continua!