TODOS OS JORNAIS DO PRESIDENTE

O presidente Jair Bolsonaro ataca jornalistas e fala mal de jornais, canais de rádio e TV, mas, por trás de seu discurso, há uma crise. Quando denuncia supostos ataques a seu governo, Bolsonaro faz parecer que a grande imprensa é contra a inimiga, mas não é bem assim. Grandes veículos representam os ricos que colocaram o presidente no poder. Agora que ele patina no governo, a elite começa a demonstrar impaciência. Na briga Bolsonaro x Imprensa, o buraco é mais embaixo.

Durante a campanha, quando se mostrou um candidato com chances de vitória, parte da grande imprensa procurou uma posição de neutralidade que, na prática, foi de apoio ao bolsonarismo e seu machismo, racismo e homofobia. O jornal O Estado de São Paulo, da família Mesquita, foi além: manifestou apoio aberto à pauta bolsonarista. Representantes dos milionários brasileiros, esses veículos queriam o fim de políticas públicas. E Bolsonaro podia conduzir as reformas para tal objetivo.

Com o início do governo, outro grande jornal, a Folha de SP, cumpriu um papel de mediação, denunciando ilegalidades do governo. Apesar dessa postura, quando a pauta econômica ganhou visibilidade, o jornalão não teve dúvidas. Foram vários editoriais apoiando Bolsonaro nas reformas da previdência e da nova reforma trabalhista. Mesmo com as críticas do jornal, o presidente precisava cumprir o que prometeu à elite brasileira. Importante dizer: grandes grupos como SBT, Record e Band estão com o atual governo.

Ainda assim, Bolsonaro é agressivo com a imprensa: agride jornalistas, dá entrevistas coletivas em que só responde o que lhe convém; brada como um bicho contra as críticas. Ao mesmo tempo, constrói pelas redes sociais uma comunicação mentirosa, em que só a voz dele prevalece. E, por fim, em mais dois episódios recentes, as jornalistas Patrícia Campos Mello (Folha) e Vera Magalhães (Estadão) foram alvo de suas mentiras e violência.

Esses casos mostram um conflito interno. Saúde, educação e saneamento para a população pobre nunca esteve no horizonte do presidente. Ele recebeu o apoio dos ricos brasileiros para aprovar as reformas e cortar direitos do povo. Agora que sua problemática negociação falha no Congresso, a elite repensa se Bolsonaro vai garantir os cortes de políticas públicas e a privatização das estatais. A elite se pergunta se Bolsonaro ainda é necessário. Ele nunca foi inimigo da grande imprensa e dos ricos, mas sim seu representante.

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