O LEILÃO DA CESSÃO ONEROSA

Na última semana, a Petrobras voltou às manchetes ao arrematar campos de petróleo no leilão do governo federal. Mesmo com diversas empresas priva­das habilitadas, não houve concorrentes – empresas chinesas participaram, mas em consórcio com a Petrobras. O episó­dio, contudo, gera dois grandes desdo­bramentos.

O primeiro é o que demonstra o po­der financeiro da Petrobras. Nos últimos anos, a imprensa comercial se esforçou em demonstrar que empresa estava “fa­lida”: a corrupção teria minado a com­panhia e a única solução seria a priva­tização. No entanto a Petrobras reduziu rapidamente sua alavancagem por meio de geração de caixa.

A segunda consequência dos leilões da última semana é a de que, com as aquisições que totalizam cerca de R$ 67 bilhões, poderá ganhar força mais uma vez o discurso de que é preciso vender mais ativos. Nessa linha, que é a do seu atual presidente, Roberto Castello Branco, pode se acelerar o processo de privatização do refino e demais áreas.

Para conseguir tal feito, foi necessá­ria uma operação engenhosa. Em 1º de novembro, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) assinou termo aditivo ao contrato da cessão onerosa, num pagamento subdimensionado de R$ 34 bilhões à Petrobras.

Este valor foi cerca de metade do que a empresa desembolsou para arrematar áreas do leilão do dia 6 de novembro. Empresas privadas teriam desistido da disputa por conta dos altos preços. Por­tanto, o governo Bolsonaro “meteu a mão” no caixa da empresa de forma le­galizada para ajudar nas contas públicas e repartir com governadores e prefeitos.

Mas há outra importante questão: um suposto “fracasso” dos recentes leilões, assentados no modelo de partilha, faz crescer o discurso pela volta da forma de concessão. A pressão das grandes petro­leiras internacionais é para que este mo­delo, muito pior para o Brasil e melhor para seus lucros, seja ressuscitado.


Contra isso, defendemos o monopólio estatal do petróleo e gás para a Petro­bras 100% estatal.

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