A decomposição dos alimentos estragados da Província do Urucu continua a feder pelos corredores de Manaus. Após a instauração dos processos movidos pelo Sindipetro, algumas informações seguem sem cheirar muito bem para a conclusão dos prejuízos causados aos trabalhadores.
As denúncias do sindicato, tanto na Anvisa quanto no Ministério Público do Trabalho do Amazonas, pedem respostas sobre as oito toneladas de carne e grãos vencidos destinados à alimentação da categoria, que levaram cerca de 70 empregados ao setor médico por vômitos e disenteria, no início de dezembro do ano passado.
O Sindipetro, que teve diretores sindicais testemunhando o descaso, exigiu que deveria ter sido formada uma comissão para elaborar e apresentar um relatório sobre as causas e ações a serem tomadas a fim de evitar futuros surtos de intoxicação alimentar. Mas não é o que vem ocorrendo.
O Gerente Geral da UO-AM nomeou três pessoas para compor o inquérito solicitado, mas um dos participantes decidiu pedir saída do grupo. Alegando não querer ter o nome prejudicado em razão dos outros dois membros serem tendenciosos, por estarem pressionando o parecer para uma conclusão mais amena. O abandono do terceiro membro prejudica o andamento das denúncias e levanta suspeitas sobre o comprometimento da comissão. No final das contas, por que nenhum relatório foi entregue pela equipe formada até o momento?
Somado a isso, a empresa terceirizada responsável pela hotelaria e alimentação, contratada por cifras milionárias para prestação de serviço, resolveu terceirizar a responsabilidade também. A GRSA preferiu colocar a culpa e demitir todas as nutricionistas ligadas ao caso, afirmando que as profissionais não foram eficientes nas atividades desempenhadas. Porém, após o intervalo de um embarque, uma delas foi recontratada por meio da Organização Social Pró-Saúde, que fornece suporte ao setor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde, além de fiscalizar diretamente o contrato com a GRSA.
Concidentemente, a OS Pró-Saúde já foi condenada pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo a devolver R$ 11,7 milhões aos cofres públicos e segue investigada pela Polícia Federal do Rio de Janeiro por corrupção em esquemas de contratos e propinas.
Após quase quatro meses, o surto alimentar segue sem definições nas dependências da Petrobras e os trabalhadores continuam a suspeitar da qualidade da alimentação fornecida e da blindagem da funcionária de nutrição por parte dos gerentes do Urucu.
O Sindipetro repete a necessidade da busca por respostas após a “conclusão” do relatório e questiona os responsáveis pelos contratos firmados, além da integridade da comissão para a elaboração do inquérito e apuração das denúncias. As causas do surto de intoxicação têm de ser apuradas para que se saiba se o desperdício de alimentos tem relação com o quadro de saúde dos trabalhadores.