A POLÍCIA E A PERIFERIA

Uma ação desastrosa da Polícia Militar de São Paulo resultou, no dia 1/12, na morte de nove jovens, no bairro de Paraisópolis, na zona sul paulista. Policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) invadiram o local, em que ocorria o Baile da DZ7, tradicional festa de funk da cidade. Segundo a PM, os policiais perseguiam homens armados fugindo em motocicletas. Os supostos motoqueiros ainda não foram encontrados. E o resultado foram oito homens e uma mulher mortos ela PM, além de 12 feridos.

O baile ocorre em uma encruzilhada de vias. Segundo moradores, os policiais atacaram a partir de quatro cantos, encurralando os participantes. Na primeira versão, a PM alegou que as vítimas morreram pisoteadas, mas laudos periciais apontam duas mortes por asfixia. Vídeos feitos em celular mostram a truculência dos policiais, agredindo e humilhando homens e mulheres presentes no baile.

A primeira pergunta é: qual o problema em dançar funk? Nas comunidades das capitais brasileiras, prefeituras e governos do estado não garantem lazer algum. Quando a população constrói formas de diversão, por meio da música e da dança, o Estado aparece apenas como repressão policial. Há tráfico de drogas na comunidade? Sim. Tanto quanto há nas festas da elite no centro da cidade. Mas nessas festas, a polícia não vai, não reprime.

De nove vítimas, pelo menos sete eram pretas ou pardas. Não é por acaso ou coincidência. Sabemos qual é a abordagem da polícia no Brasil. Contra pobres e negros, violência, desrespeito e morte. No passado, essa foi a abordagem contra o carimbó, o samba e a capoeira. Hoje recai contra manifestações da cultura popular contemporânea.

Precisamos de uma polícia preventiva e não repressiva. Precisamos de um Estado antirracista. Mas precisamos, antes de tudo, de saúde, educação e lazer de qualidade. Precisamos de emprego e direitos sociais! Não existe combate à criminalidade sem garantir condições justas de vida ao povo.

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